Área da Favela do Moinho dará lugar a estação da CPTM
Nova parada em Campos Elísios vai chamar Bom Retiro e deverá pôr fim às operações de trens na Estação Júlio Prestes, na Luz
29 de março de 2012 | 3h 04
CAIO DO VALLE / JORNAL DA TARDE - O Estado de S.Paulo
A área ocupada hoje pela Favela do Moinho, em Campos
Elísios, região central da capital, receberá uma nova estação da
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) até 2015. A
inauguração da Estação Bom Retiro deverá pôr fim às operações da Júlio
Prestes. Construída em 1938, a estação abriga a Sala São Paulo - sede da
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) - desde os anos
1990.
A Linha 8-Diamante (Itapevi-Júlio Prestes) terá parada final na nova
estação. A Linha 7-Rubi (Francisco Morato-Luz) e Linha 11-Coral
(Guaianazes -Luz) também chegarão ao Bom Retiro. O presidente da CPTM,
Mário Bandeira, disse que a mudança é para atender aos interesses dos
próprios passageiros. "O desejo de viagem das pessoas não é a Júlio
Prestes, é o Bom Retiro", afirmou o executivo.
A alteração do trajeto da Linha 8 deve fazer a Estação Júlio Prestes
tornar-se apenas um polo cultural - a Secretaria Estadual da Cultura
também ocupa parte do prédio. A CPTM, no entanto, informou em nota que o
uso da estação "ainda não está definido".
A Estação Bom Retiro atenderá, conforme a estimativa da CPTM, cerca
de 30 mil passageiros por dia. A elaboração do projeto funcional custará
R$ 140 mil. "Estamos com o projeto em curso e esperamos, no segundo
semestre, contratar o básico e o executivo", disse o presidente da
empresa. De acordo com Bandeira, as obras da nova estação deverão
começar no fim de 2013.
Remoção da favela. O maior impasse hoje é que grande parte da
população da favela não tem opção de moradia. A Secretaria Municipal de
Habitação informou que, desde janeiro, 815 famílias cadastradas recebem
ajuda para pagar aluguel. Todas receberão moradia em conjuntos que serão
construídos em áreas vizinhas. A Prefeitura não informou, porém, onde
ficam esses terrenos.
As 407 famílias afetadas pelo incêndio que, em dezembro, consumiu o
prédio abandonado do Moinho Central e matou duas pessoas, teriam optado
pelas unidades habitacionais, hoje em construção, na Vila dos Remédios,
zona oeste. Elas são cerca de metade dos cadastrados.
Confusão. A aposentada Neide Aparecida Campos, de 61 anos, que mora
na favela, reclamou da falta de informações para quem ficou. "Estamos
sem saber nada. De uns tempos para cá, a Prefeitura sumiu. Não sabemos
quando teremos de sair", disse.
A Prefeitura ainda não revelou quando os conjuntos habitacionais
serão entregues. A reportagem visitou o local ontem e encontrou
moradores sob o Viaduto Engenheiro Orlando Murgel. O carroceiro João
Miguel da Silva, de 55 anos, era um deles. "Dizem que vão dar
apartamentos. Estamos esperando", disse. Várias crianças e idosos ontem
se arriscavam ao atravessar a linha férrea, que passa sob a estrutura.
Segundo a Prefeitura, a área da favela é de 30,1 mil metros
quadrados. Nos projetos da gestão Gilberto Kassab (PSD), passarão ali
uma avenida e um parque, e as linhas de trem serão enterradas. O
presidente da CPTM disse que a estação será construída prevendo a
mudança. O mezanino ficará sob a parada e, depois, atenderá às linhas
subterrâneas.